QUARESMA
A
Quaresma abrange os dias que vão da Quarta-feira de Cinzas até ao Sábado Santo.
A liturgia quaresmal começa com o primeiro Domingo da Quaresma e termina com o
sábado antes do Domingo da Paixão.
A
Quaresma pode se considerar, no ano litúrgico, o tempo mais rico de
ensinamentos. Lembra o retiro de Moisés, o longo jejum do profeta Elias e do
Salvador. Foi instituída como preparação para o Mistério Pascal, que compreende
a Paixão e Morte, a Sepultura e a Ressurreição de Jesus Cristo.
A Quaresma
é um período de renovação espiritual, de vida cristã mais intensa e de
destruição do pecado, para uma ressurreição espiritual, que marque na Páscoa o
reinício de uma vida nova em Cristo ressuscitado.
É um
período de oração, de sacrifício e de caridade fraterna.
PENITÊNCIA
Em
nossos relacionamentos com as pessoas, existe um ritual que nós realizamos
naturalmente, sem perceber. Por exemplo, quando magoamos alguém, queremos fazer
de tudo para apagar aquele gesto impensado: pedimos desculpas, lastimamos o
nosso procedimento, até que sentimos que aquilo ficou esquecido. Nós nos
penitenciamos diante das pessoas que amamos. Penitência é um ato de amor.
No
nosso relacionamento com Deus, a penitência torna-se premente para nós. Temos
necessidade de mostrar a Ele nosso amor porque tudo o que temos vem d’Ele e é
d’Ele. Devemos mostrar-nos humildes diante d’Ele porque, sem a sua providência,
nada somos. A recepção das cinzas na fronte, durante a missa da quarta-feira de
cinzas, se feita com convicção, é um gesto de humildade muito agradável a Deus.
Precisamos também nos penitenciar ainda mais porque erramos muito, pecamos e
não correspondemos à magnitude do amor divino.
A
penitência implica em arrependimento, dor por causa de nossas falhas e
propósito de evitá-las e confiança na ajuda de Deus. Nutre-se da esperança na
sua misericórdia. Ela se exprime de formas muito variadas, em particular, com o
jejum, a oração e a esmola. Essas e muitas outras formas de penitência podem
ser praticadas na vida cotidiana do cristão, em particular no tempo da quaresma
e no dia penitencial da sexta-feira.
A melhor
penitência, sem dúvida, é a do Sacramento que tem esse nome. Jesus instituiu a Confissão em sua primeira aparição aos
discípulos, no mesmo domingo da Ressurreição, dizendo-lhes: A
quem vocês perdoarem os pecados, os pecados estarão perdoados. Não há
graça maior do que ser perdoado por Deus, estar livre das misérias da alma e
estar em paz com a consciência.
Além do
Sacramento da Confissão a Igreja nos oferece outras penitências que nos ajudam
a buscar a santidade, sobretudo, as que Jesus recomendou no Sermão da Montanha:
o jejum, a esmola e a oração, os quais são chamados pela Igreja de remédios
contra o pecado.
O
corpo humano pode ser comparado a uma criança mimada, aquela que deseja ter
todas as suas vontades satisfeitas e, mesmo que isso ocorra, ainda é
irritadiça, preguiçosa e indolente. Quanto mais come, mais preguiçoso e
sonolento fica; quanto mais dorme, mais sono tem; e assim por diante. Trata-se da primeira consequência do pecado
original, da mãe de todas as doenças.
Por
essa razão, a prática do jejum é uma forma de penitência. A Igreja nos pede o
jejum durante a quaresma, mas podemos praticá-lo em várias situações. “Toda
sexta-feira do ano é dia de penitência, a não ser que coincida com solenidade
do calendário litúrgico. Os fiéis nesse dia se abstenham de carne ou outro
alimento, ou pratiquem alguma forma de penitência, principalmente obra de
caridade ou exercício de piedade.” Conhecemos pessoas que se privam de
guloseimas agradáveis ao paladar, colocando esse sacrifício como uma alavanca
por intenção de um ente querido.
Há
também o jejum da palavra ferina. Muitas vezes temos ímpetos de dar uma
resposta ofensiva a alguém. Mas, se nos abstemos disto, estamos praticando
jejum. Somos convidados, por fim, a jejuar de todos os sentidos como maus
pensamentos, maus olhares, maus desejos, más palavras, uso indevido de nossas
mãos e de nossos pés na busca desenfreada das paixões desordenadas.
O
repartir os nossos bens com outras pessoas é também uma maneira de jejuar.
Neste mundo consumista, queremos sempre ter e nos esquecemos de dar. É um jejum
admirável quando a pessoa se desprende do que gosta em detrimento do outro que
necessita daquilo.
Enfim,
uma penitência maravilhosa, prodigiosa é a oração. Assim como, no nosso
dia-a-dia é necessário conviver com as pessoas, falar-lhes e escutá-las, mais
ainda é preciso praticar a oração com Deus, falar com Ele e escutar o que Ele
nos diz. Não podemos limitar nossas orações a pedidos. Só queremos falar com
Deus pedindo, pedindo, pedindo... Primeiro, nós O louvamos pela sua grandeza e
majestade infinita. Em seguida, nós devemos agradecer a Ele tudo o que temos e
somos. Depois disto, então, pedimos uma graça, uma bênção, uma providência, um
socorro. Alguém já disse que "a oração é à força do homem e a fraqueza de
Deus", porque Ele é que nos amou primeiro e quer que sejamos felizes. Importante,
muito mais importante ainda, é que nós saibamos escutar o que Deus tem a nos
dizer. Nós, na maioria das vezes, queremos só falar, mas, como num diálogo,
precisamos aprender a escutar a Palavra de Deus.
E
Deus, na sua insondável misericórdia, nos fala de várias maneiras: através da
Bíblia, através dos acontecimentos, através da palavra de um amigo e até de um
estranho. A nossa vida é uma constante palavra de Deus. A nossa própria
consciência é a presença de Deus nos alertando sobre alguma coisa, tanto quando
praticamos um gesto nobre como quando erramos.
Até
em pensamentos podemos conversar com Deus. Ele nos deu vários caminhos para
chegar a Ele, que está de mãos estendidas para nós. Só falta abrirmos o
coração.
Conteúdo extraído do site http://www.catequisar.com